O atual primeiro-ministro espanhol foi este domingo reeleito na liderança do Partido Socialista Operário Espanhol, no 41.º congresso do partido, realizado em Sevilha. Sem adversários, a escolha dos militantes foi simples, apesar de Sánchez estar no centro de diversos escândalos financeiros e judiciais.
No seu discurso de vitória, Sánchez prometeu mais reformas, perante os ataques da oposição. "Não nos perdoam que governemos melhor que eles", afirmou.
Foi uma mudança de tom, depois de dois dias à defensiva face à denúncia das fragilidades do seu executivo perante múltiplos ataques políticos, mediáticos e judiciais. Com a reeleição assegurada, Sánchez pôde passar à ofensiva para tentar elevar o moral dos socialistas.
As eleições foram antecipadas em um ano por Sánchez, que lidera o PSOE desde 2017, como forma de garantir a união em torno da sua liderança e calar vozes críticas internas.
O objetivo foi alcançado, com os postos-chave do partido a serem ocupados pelos seus seguidores mais fiéis. A lista de 54 nomes que Sánchez apresentou a votação, para a Comissão Executiva do partido, recebeu cerca de 90 por cento dos votos de 1.028 delegados.
A ministra das Finanças, María Jesús Montero, reteve o lugar de número dois dos socialistas.
Série negra
A reeleição será o único raio de luz para o primeiro-ministro num semestre atribulado.
Os meses mais recentes de Pedro Sánchez têm sido de pesadelo, com escândalos em catadupa e suspeitas de corrupção generalizada ou de tráfico de influências, particularmente no caso de membros próximos do primeiro-ministro ou da sua família.
Alguns
dos mais proeminentes suspeitos são a sua esposa, Begoña Gómez, e o seu irmão,
David Sánchez, mas também José Luis Ábalos, ex-ministro dos Transportes e
considerado muito tempo como braço direito do líder do PSOE.
O 41º Congresso do PSOE começou sexta-feira, precisamente o dia em que um dos seus dirigentes, o patrão da Federação Socialista da Comunidade de Madrid, Juan Lobato, foi a tribunal como testemunha num caso de fugas de informação que pode implicar a Moncloa, a sede do governo espanhol.
Lobato, que foi forçado a demitir-se quarta-feira por ter posto em causa um conselheiro da Moncloa, pode ser uma testemunha-chave num dos casos que estão a envenenar o executivo de Sánchez.
A Moncloa é precisamente suspeita de ter originado a fuga de informações sobre um acordo negociado entre a Procuradoria e o companheiro da presidente da Comunidade de Madrid, de direita, acusado de fraude fiscal.
O executivo de Sánchez, formado pelo PSOE e pelo Sumar, da esquerda radical espanhola, é fragilizado igualmente por não ter maioria absoluta e depender do apoio dos partidos independentistas bascos e catalães.
Sinal do profundo desagrado dos espanhóis com a sua liderança, Pedro Sanchez foi forçado a fugir perante a fúria de habitantes de Valência, no rescaldo das violentas inundações de 29 de outubro que fizeram mais de 220 mortos.
O Governo central de Madrid é acusado de uma gestão caótica do socorro às vítimas, apesar do presidente da região de Valência, de direita, ser igualmente visado pela contestação.
Não a atletas trans em desportos femininos
Evidência da necessidade do PSOE em conseguir alguma estabilidade, pelo menos interna, as feministas socialistas obtiveram várias vitórias neste 41º Congresso, incluindo a incorporação, no novo ideário do partido, da expulsão de militantes que recorram a serviços de prostituição, "especialmente se ocuparem algum cargo orgânico ou institucional".
Também o coletivo LGBTI passará a ser designado com apenas estas letras, sem acrescentar a letra Q, (do inglês Queer) ou o sinal + (restantes identidades e orientações), decisão que gerou uma discussão acalorada ao longo do dia de sábado.